ALMAS MEDÍOCRES

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Quem não teve, uma vez em sua vida, necessidade de uma fé é uma alma medíocre.

Léon Denis

Parecia um sonho. O corpo movimentava-se mansamente em ascensão. Ajustando gradativamente os sentidos, percebi que, ao meu lado, subiam espíritos familiares.

Meus parcos conhecimentos sobre a vida além-túmulo foram preciosos e oportunos. Concluí que estava desencarnado e esperei, pacientemente, que o pleno raciocínio me acorresse, o que, em algumas situações, pode demandar dias ou até meses.

Vovô Ernesto, que estava comigo, deve ter muitos méritos, pois, através da sua intercessão, em poucos minutos senti uma chuva de fluidos magnéticos que envolveram o disco fotossensível do meu aparelho visual, aplicados por nobres autoridades espirituais.

Minha visão dilatou-se e meu raciocínio descortinou-se imediatamente. A primeira preocupação foi com entidade com prejudiquei, em minha juventude e, em seguida, com espíritos que me perseguiram e me atrapalharam sobremaneira a existência.

Grande alívio tomou conta de mim ao tomar conhecimento de que o espírito que eu havia maltratado havia reencarnado em meu seio familiar e por mim havia sido acolhido e cuidado com todo o carinho e atenção que dispensei aos outros filhos.

Voltei minha atenção para os que se consideravam meus inimigos e que, durante toda a minha encarnação, receberam minhas orações para que se aproximassem do bem. Graças ao apoio de Vovô Ernesto, pude visitar todos eles.

Agradecido ao Vovô Ernesto por essas revelações, pedi que ele continuasse a dar assistência àqueles irmãos infelizes, que, em dado momento de suas vidas, claudicaram e agiram como doentes do espírito.

Coloquei-me à disposição das autoridades espirituais, para trilhar os próximos passos em minha nova vida, no plano astral. Fui surpreendido com as palavras de Mãe Palmira.

— Ainda não chegou sua hora, meu filho. Esta jornada lhe foi concedida apenas para que você se fortaleça e dê continuidade ao trabalho que vem executando na Terra, onde ainda existem muitas almas desarvoradas, beirando a mediocridade, precisando ser urgentemente preparadas para sua futura vinda para o lado de cá.

Sem mais palavras, meus protetores envolveram-me novamente e me recolocaram no corpo físico, de onde estava parcialmente desligado.

Expressivas manifestações de Allan Kardec consubstanciam a força e a clareza que o Espiritismo proporciona à vida material e à vida espiritual, como notamos no hipotético episódio acima registrado.

Não é à toa que filósofos, e também religiosos que já amealharam um certo grau de cultura, de uma hora para a outra resvalam para situações de pânico, desânimo ou depressão, por não encontrarem explicação plausível, em suas crenças, para aparentes injustiças divinas.

Somente a lei das existências sucessivas pode elucidar graves questões, no momento em que o homem necessita urgentemente de ânimo para reanimar suas combalidas energias, diante de provas atuais e futuras.

Acreditar? Ter fé? Em que? Socorramo-nos em Allan Kardec.

— O Espiritismo me dá calma, firmeza, confiança e livra-me do tormento da incerteza. Ao lado de tudo isto, secundária se toma a questão dos fatos materiais.

A VELA OU O VENTO?

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê.

Platão

Não é nos gases mais rarefeitos, nos fluidos imponderáveis que a indústria encontra seus mais poderosos motores? Quando se vê o ar derrubar edifícios, o vapor arrastar massas enormes, a pólvora gaseificada levantar rochas, a eletricidade destruir árvores e perfurar muralhas, que estranheza há em admitir que o Espírito, com a ajuda de seu perispírito, possa erguer uma mesa? Principalmente quando se sabe que esse perispírito pode tornar-se visível, tangível e se comportar como um corpo sólido.

O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec

 

Perde-se na noite dos tempos o instante em que o homem começou a se relacionar com os mortos. Desde as culturas mais antigas, nos inúmeros casos constantes da Bíblia, vemos o homem às voltas com seres espirituais. Em várias situações Jesus conversou com eles e afastou os infelizes de seus perseguidos. Encontramos também seres ditosos cuidando de seus protegidos, movidos por seus méritos de dedicação aos necessitados. Eis aqui alguns exemplos de como o sobrenatural sempre fez parte da vida do ser humano.

***

Uma das passagens mais belas do velho testamento é a de Tobit e seu filho Tobias. Tobit decidiu cobrar dívida antiga de um homem que se encontrava em local distante. Cego, pensou em seu filho para executar essa missão. Todavia, ficou temeroso quanto à segurança e ao caminho que ele iria percorrer. Suplicou ao Senhor que o assistisse na solução daquele problema. E Deus não tardou em atender suas rogativas, pois Tobias era um homem bom, de muitos méritos e dedicado ao bem do próximo.

Inspirado, Tobit recomendou ao filho Tobias:

Meu filho, procura na cidade um homem bom e honrado que te possa conduzir.

Tobias encontrou um homem de belo aspecto que poderia guiá-lo. E a viagem correu às mil maravilhas. Durante o trajeto, o filho de Tobit aprendeu a retirar de um peixe o remédio que iria curar seu pai, foi apresentado a Sara, que se tornaria sua esposa e voltou à casa paterna tão feliz quanto dela havia saído. Somente muito mais tarde todos descobriram que aquele guia venerável era um anjo enviado por Deus para guiar e proteger aquela família abençoada.

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Preocupado com a batalha que travaria no dia seguinte contra os filisteus, o Rei Saul foi consultar a pitonisa de En-dor. Por seu intermédio, ele fez contato com o Profeta Samuel — já morto, segundo a Bíblia — que previu sua derrota, com a entrega dele e do povo de Israel às mãos dos filisteus, o que efetivamente aconteceu.

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Jesus convidou Pedro, João e Tiago para que o acompanhassem na subida ao Monte Tabor. Lá testemunharam a manifestação de Moisés e Elias, figuras proeminentes que se destacaram no Velho Testamento, — já mortas, muito tempo antes.

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A passagem mais conhecida, no entanto, foi a de Paulo de Tarso, ainda identificado como o orgulhoso Saulo, fiel guardador das tradições judaicas, que se dirigia a Damasco para prender ou até matar Ananias, por sua condição de cristão. Encontrou Jesus, que proferiu as célebres palavras:

— Saulo, Saulo, por que me persegues?

O moço de Tarso, diante da luz fulgurante de Jesus, tornou-se cego e foi obrigado a ir atrás de Ananias, agora não mais para persegui-lo e sim para obter sua ajuda. Graças à interferência de Jesus, Ananias restituiu a sua visão e marcou o início da conversão do agora Paulo, que se transformou no maior divulgador do cristianismo de todos os tempos.

O contato de Paulo de Tarso com Jesus é um dos mais expressivos episódios em que se manteve contato com o espírito de um morto, no caso, Jesus.

***

Estes são alguns dos milhares exemplos registrados na história da humanidade do contato do homem com os desencarnados. O próprio vaticano guarda, em seus museus, manifestações — inclusive de efeitos físicos — rotuladas como milagres ou simplesmente sem explicação.

Há que se considerar, entretanto, que essa estreita convivência com os espíritos estimulou os homens a consultá-los, a princípio, a respeito de questões sentimentais ou relacionadas com a saúde e, depois, a respeito de praticamente tudo.

Esse desvio de finalidade, confundindo o que, metaforicamente, Platão chamou de vento que não se vê, referindo-se aos seres imateriais, e de vela enfunada, referindo-se ao homem encarnado, foi veementemente criticado por Moisés, mais tarde por Allan Kardec — nos primeiros contatos com as mesas girantes —, e hoje até por detratores do Espiritismo, que consideram todos os espíritos como malignos e a comunicação com os mortos prática condenada por Deus.

Nós, espíritas, temos que admitir a existência de abusos e exageros, ao atribuirmos tudo o que acontece aos desencarnados ou ao evocá-los a todo instante para resolverem questões de nossa competência e obrigação, justificando-nos com a expressão de que nos influenciam muito mais do que supomos[1].

Nas questões 530 e seguintes, de O Livro dos Espíritos, encontramos uma série de arguições de Allan Kardec, que hoje nos soam estranhas, mas que na sua época eram necessárias. A bem da verdade, místicos desinformados ainda continuam vendo, como diria minha avó Duzolina, pelo em ovo e fantasmas em atos meramente corriqueiros do nosso dia-a-dia.

Se a tua louça se quebra, é mais por desazo teu do que por culpa dos Espíritos, dizem os espíritos na questão 530, puxando-nos as orelhas e chamando-nos de volta à realidade.

Por outro lado, junto com a expressão acima[2], nos autênticos casos de influência de desencarnados, Allan Kardec nos faz preciosa revelação a respeito dos chamados levianos e zombeteiros — os tais desocupados do além —, ao dizer que exercitam nossa paciência, mas cansam-se, quando veem que nada conseguem.

Ainda a respeito das falsas imputações que fazemos, ao responsabilizar os espíritos por nossas defecções, é clássica a narrativa de Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns[3], ao descrever as queixas de um fazendeiro, que atribuía aos desencarnados as doenças e mortes de seus rebanhos.

— A mortalidade ou a doença dos animais desse homem provém do fato de suas estrebarias estarem infectadas e de ele não fazer nada para as reparar, pois isso custa dinheiro — foi a resposta obtida dos guias espirituais.

É preciso muito cuidado e bom senso a fim de evitarmos atribuir à ação dos espíritos todos os acontecimentos desagradáveis de nossa vida, geralmente oriundos de nossa desatenção ou de nossa imprevidência.

Para encerrar este texto, e também para não incorrermos em desarvorado extremismo, convém lembrar que o vento que não se ouve pode, efetivamente, influir em nossas vidas.

Clássica também é a passagem descrita por Allan Kardec[4] de irmãs que moravam juntas e, durante muitos anos, encontravam suas roupas espalhadas, rasgadas e cortadas em pedaços.

Seria obra do diabo, conforme insinuavam autoridades religiosas da época.

Se fosse um espírito infeliz — recomendava judiciosamente a Doutrina Espírita —, mandava a caridade que se lhe dispensasse a atenção que merece. Se fosse um desocupado do além ou um malvado, qualquer que fosse o caso, a prece nunca deixaria de dar bom resultado.

As orações, naquele caso, pareceram, inicialmente, surtir efeito salutar, para, depois de alguma trégua, voltarem as depredações.  Diante da criteriosa análise do codificador, que foi chamado a opinar, concluiu-se que se tratava de um vingador, um ex-empregado que havia sido maltratado por aquelas senhoras, quando vivo. O conselho de um espírito superior esclareceu totalmente o assunto ao recomendar que aquelas damas deveriam orar para seus espíritos superiores e praticar a caridade para se livrarem daquelas perseguições.

Não digo a caridade que dá e distribui, mas a caridade da língua. Infelizmente, elas não sabem dominar a sua e não justificam, com atos piedosos, o desejo que têm de se verem livres do que as atormenta.

***

Fiquemos com a expressão final, contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo[5], a respeito da influência dos espíritos:

— Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo.

Finalmente, indispensável a citação da questão 469, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec e parte de sua resposta:

— Por que meio podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos?

— Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós.

***

A vela ou o vento?

Valorizemos a vela. A vida é preciosa, assim como é o nosso corpo, que Deus nos deu de presente para a evolução, na presente vida material. Daqui a pouco, no entanto, seremos como o vento, invisíveis, em nossa condição definitiva de vida.

 

 

[1] Questão 459, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

[2] Questão 530, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

[3] Item 253, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

[4] Item 89, de O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec.

[5] Coletânea de preces espíritas, item 16, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

A MISTERIOSA DOENÇA

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

por Sidney Fernandes

Os desmaios e convulsões de Glória manifestaram-se ao final da puberdade. A princípio eram frequentes e exigiam constante atendimento médico. Com o surgimento de modernos anticonvulsivos, as crises se tornaram mais controladas, mas não desapareceram.

Surgiu um fio de esperança naquele revolto oceano de dores com o aconselhamento do Dr. Alexandre, diligente médico, que assim se dirigiu a Olavo, dedicado esposo de Glória:

—Há enfermidades oriundas de lesões patológicas, mas também existem algumas que podem se manifestar sem qualquer dessas lesões.

— A que exatamente está se referindo, Dr. Alexandre?

— Conheço alguns casos intrincados que foram resolvidos com êxito graças à intervenção dos espíritos. O que pensam dos tratamentos espirituais?

O esposo da enferma aceitou a sugestão com simpatia e falou:

— Tenho certeza de que Glória aceitará de bom grado qualquer tipo de tratamento. O senhor poderá nos orientar?

***

Vacilantes, Glória e Olavo adentraram pela primeira vez um centro espírita. Manifestou-se o espírito de Rostan, médico espiritual daquela casa de oração.

— Com a graça de Deus, mais uma vez tivemos permissão para aqui comparecer — falou ele. A causa principal de sua doença é loucura obsessiva. Infelizmente, velho credor acompanha nossa infeliz irmã para ajuste de tristes reminiscências.

— Não interfiram em meus negócios! — manifestou-se agressivo espírito. Minha vingança ainda não terminou.

Nesse instante, manifestou-se por outro médium entidade trazida pelo protetor espiritual de Glória:

— Meu querido menino. Sou seu pai e vim buscá-lo, pois chegou a hora de sua redenção. Não está na hora de colocar suas mágoas nas mãos de Deus?

O velho perseguidor, tocado em suas entranhas, partiu com seu pai que viera buscá-lo. Lágrimas inundaram o rosto de Glória, que sentiu, assim como o esposo Olavo, a libertação do obsessor, que se deixara tocar pelo amor.

— Minha irmã Glória — disse Rostan. A bondade de Deus se fez presente nesta noite. Mas a luta só está começando. O bem pede o seu concurso e será com retidão de conduta e pela renovação que você se libertará definitivamente da doença.

Olavo e Glória debulhavam-se em lágrimas. Enlaçados pelo abraço do médico Alexandre, sairiam dali renovados para uma vida saudável, graças à misericordiosa manifestação da bondade divina.

A CHAMA DIVINA QUE DORME EM NOSSO PEITO

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Eu não pedi para nascer. Aceitem-me como eu sou. Não vou mudar.

Infelizmente, semelhante expressão é muito comum e não apenas se origina de jovens irresponsáveis. Ouvimo-la, via de regra, de pessoas maduras que, mesmo com o passar dos anos, ainda não se conscientizaram da verdadeira razão da vida.

Ensina-nos Emmanuel que falam mais alto os impulsos primitivistas que nos mantêm no erro, porque atitudes em desacordo com as leis divinas ficaram impregnadas em nossa alma.

Quando nos desobrigamos da evolução e fugimos do aperfeiçoamento, é natural que nos tornemos extremamente vulneráveis às tentações que nos conservam na escuridão.

Essas tentações reproduzem-se rapidamente na ausência da luz. Em outras palavras, o indivíduo que recusa a autoiluminação atrai calúnias, expressões descabidas, convites de espíritos inferiores, estímulo à indolência e estagnação de sentimentos.

Está pronta a combinação perfeita: ausência de luz e águas estagnadas tornam-se campo propício às más alimentações, do corpo e da alma. O charco venenoso é a consequência natural para aqueles que se distanciam da gloriosa luz divina.

O que fazer? Não há salvação aos que se acham presos nas areias movediças do desequilíbrio?

Paulo, o apóstolo, bem sabia de todos esses perigos e desvios que nos afastam do caminho reto. Não por acaso enunciou uma das mais gloriosas expressões, que representa toda a misericórdia de Deus para com seus filhos, ainda encharcados de lodo e irresponsabilidade:

Te lembro para que despertes o dom de Deus que existe em ti.

Esquecemo-nos desse fundamental componente de nossa alma? Não temos consciência de que a chama divina encontra-se impregnada no peito de todos os filhos de Deus? Teimamos em ignorar que esse ponto de luz, ainda que temporariamente apagado, brilhará a partir do momento em que dirigirmos nosso olhar para o Alto?

Com certeza ainda sofreremos muitas tentações, cairemos várias vezes e padeceremos decepções e desânimos. Sem a menor dúvida, pois ainda estamos no início do caminho evolutivo.

Jamais nos esqueçamos, todavia, que todos nós fomos agraciados pelo determinismo do bem e da cultura infinitos, oásis bendito onde um dia chegaremos, mais cedo ou mais tarde.

Indispensável, todavia, que nos conscientizemos da necessidade de despertarmos nossa alma, a partir da chama bendita que todos portamos em nosso peito.

Fiquemos com Emmanuel, ao comentar a oportuna palavra de Paulo:

Que as sombras do passado nos fustiguem, mas jamais nos esqueçamos de reacender a própria luz.

Reacendamos a chama divina que dorme em nosso peito.

 

Referência: Vinha de Luz, Emmanuel

OS MOTORES DA ALMA HUMANA

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

CONSCIÊNCIA CÁRMICA

Quando o espírito começa nova existência — ciente de que seus débitos são decorrentes de seus próprios erros, e de mais ninguém —, há possibilidade de ele escolher o gênero de provas por que há de passar, assumindo, dessa forma, a inteira responsabilidade de seus atos e respectivas consequências. A pergunta inevitável é esta:

— Não parece natural que ele escolha as provas menos dolorosas?

Respondem os mentores maiores que, quando se encontra nessa fase de consciência cármica, ele tem plena noção dos deveres a serem cumpridos perante credores, familiares, a justiça divina e perante si mesmo.

Ao aterrissar na arena terrestre, cessam os preparativos, os ensaios e as teorizações. Chega o momento da validação, através de testes de multivariadas espécies, dos propósitos assumidos.

SORRISOS E LÁGRIMAS

É preciso considerar que a gradativa aproximação da Sabedoria da Vida e da Grande Faculdade da Felicidade — expressões do escritor Joamar Zanolini Nazareth — acontecerá em situações que causam sorrisos e, também, nas que arrancam lágrimas, pois, para avaliar a essência do valor, é preciso conhecer os dois lados da moeda.

O crescimento do espírito acontece em circunstâncias que desafiam a inteligência, a capacidade de reação e as estruturas moral, emocional e psicológica. É aqui, no palco terrestre, que surgem os enfrentamentos da vida doméstica, da crise financeira, da incompreensão familiar, do abandono, da morte, da doença e de eventuais inimizades do passado.

É ASSIM QUE AS COISAS, GERALMENTE, OCORREM?

 Infelizmente, imersos no temporário esquecimento, ainda que sob a influência de dons inatos, herdados de experiências reencarnatórias pregressas, ao sermos atingidos pelas provas da vida, não nos mantemos fiéis aos ideais e projetos assumidos na erraticidade.

Por que ressurgem a intolerância e a vaidade pessoal que nos impedem de suportar os achaques das criaturas com quem convivemos? Por que perdemos a consciência de que as doenças e outros entraves da vida às vezes são indispensáveis à continuidade do processo evolutivo? Por que o contraste e a dicotomia entre o que prometemos e os efetivos comportamentos?

O DEMÔNIO DA PERVERSIDADE

 Edgar Allan Poe, reconhecido escritor americano, chama esse esquecimento de Demônio da Perversidade. A médica psiquiatra, escritora e palestrante Ana Beatriz Barbosa defende a tese de que herdamos, não necessariamente dos pais, porém de nós mesmos, de nosso passado ancestral, estados de medo, ansiedade e estresse.

Durante séculos os circuitos do medo, do estresse e da ansiedade nos acompanharam na morte e mesmo depois de encarnarmos em novos corpos. Traumatizados, na vida atual temos medo, sem saber exatamente do que.

Por que, a despeito dos compromissos assumidos imediatamente antes da atual vida, continuamos a nos comportar com egoísmo, violência, orgulho, impaciência, enfim, com desamor, se o propósito essencial da vida pressupõe exatamente o contrário?

CIRCUITOS POSITIVOS

A par dos circuitos negativos do cérebro — oriundos e conectados às raízes da alma —, existem circuitos positivos que podem desativá-los e que são, geralmente, pouco utilizados para anular os mecanismos indesejáveis.

É como se, ao nascer, nada obstante portarmos dois recipientes, um contendo bons propósitos e outro contendo más tendências, recorrêssemos e utilizássemos apenas o reservatório que nos mantém na inferioridade, na doença e no comprometimento.

Os circuitos que vão permitir que cumpramos o verdadeiro sentido da vida, de sermos melhores para nós e para os outros, são pouco utilizados.

POR QUE ADOECEMOS?

Desequilibramo-nos, no transcurso da atual existência, porque insistimos em não acionar os mecanismos de defesa contidos no reservatório de bondade, que todos portamos, mesmo inconscientemente, autênticos antídotos da parte negativa de nossa personalidade.

Empatia, gentileza, compaixão, são circuitos pouco acionados, que podem anular os mecanismos que nos incomodam.

Somente viveremos melhor e tornaremos o mundo melhor, com menos ansiedade e mais equilíbrio, quando descobrirmos que o bem que fizermos retornará para nós mesmos.

Enquanto qualquer um no mundo estiver mal, nós também estaremos. Estamos todos conectados e, ao ferir uma pessoa, também nos ferimos. Ao fazer mal para uma pessoa, tenha certeza de que estará fazendo mal para você também, afirma a Dra. Ana Beatriz.

A base do adoecimento está em nosso interior e desaparecerá com o nosso conhecimento e a nossa atitude. Se não tomarmos consciência dessa realidade, continuaremos a evoluir para o adoecimento.

ESPIRITUALIDADE RECOMENDADA NOS CONSULTÓRIOS MÉDICOS

Perdão, altruísmo, compreensão, gratidão, ressentimento, mágoa, previnem ou agravam o adoecimento. Essas recomendações passarão, a partir de agora, a ser ministradas por cardiologistas, por recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com base nas conclusões do Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Fortaleza – Ceará.

Impulsionados por conceitos de civilizações milenares e filosofias contemporâneas, inclusive o Espiritismo, pesquisadores começaram a estabelecer relações de correspondência entre a conduta humana e a felicidade.

Afirmava Simonetti que a medicina do futuro será essencialmente profilática, com a identificação prévia das causas no comportamento do paciente: o que faz, o que pensa, o que sente, o que come, como se exercita, como dorme, como trabalha, como é o seu relacionamento com as pessoas e os sentimentos que cultiva.

— Inúmeros estudos vêm demonstrando que indivíduos com maior religiosidade ou espiritualidade apresentam menor incidência de muitas doenças. Além disso, esse grupo consome menos álcool e tabaco e tem menos sintomas depressivos.

— Compaixão e cuidado devem caminhar juntos — afirma o professor-adjunto de cardiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Doutor Roberto Esporcatte.

O AMOR VENCE A DOR

Diz o poeta inglês Robert Browning:

Caminhei dez quilômetros com o prazer.

         Ele tagarelou o tempo todo,

         Falou muito, sem nada me ensinar.

         Caminhei um quilômetro com a dor,

         Ela não falou nada, não pronunciou uma palavra,

         Mas quantas coisas aprendi

         Quando a dor foi minha companheira!

 

 

REFERÊNCIAS: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec; Família – laboratório das almas, Joamar Zanolini Nazareth; Assassinatos na Rua Morgue, Edgar Allan Poe; Artigo “Depressão tem cura”, Sidney Fernandes; Urgência, Emmanuel; Ansiedade no presente e no futuro, Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva; Alvorada Cristã, Neio Lúcio.   

ENTREVISTA COM ALLAN KARDEC

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Quando Paulo de Tarso passou a dedicar sua vida ao Cristo, perdeu sua posição social, renunciou a um futuro promissor na continuidade dos negócios do pai e passou o resto da vida exercendo atividades que, naquela época, eram atribuídas aos escravos. Sob o ponto de vista humano não foi bom negócio Paulo converter-se ao cristianismo.

O mesmo aconteceu ao Professor Rivail. Gozava de reputação, respeito social e confortável posição econômico/financeira, até que se aproximou dos fenômenos mediúnicos e codificou a Doutrina Espírita. Para Rivail também não foi bom negócio codificar o espiritismo.

O que teria a dizer Rivail, depois de se tornar Allan Kardec? Com base em várias obras biográficas e textos do livro Obras Póstumas e de lúcidas interpretações do festejado escritor Hermínio Miranda, vamos apresentar uma hipotética entrevista com Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita.

***

Nosso repórter virtual estava, neste momento, cruzando o Rio Sena, pela Pont Du Carrousel, que não é somente uma ponte, mas uma obra de arte que se integra à bela paisagem parisiense. Embicou o cupê pela Place du Carrousel, contornou-a bem ao lado do Musée du Louvre, ingressou na Avenue de l’Opéra e em seguida entrou à direita na Rue Sainte-Anne.

Percorreu pouco mais de um quilômetro e estacionou a duas quadras do final da rua, entre a Rue Rameau e a Rue Cherubini, bem à frente da Passage Sainte-Anne, que dá acesso às escadarias do prédio onde morava Monsieur Allan Kardec.

Cordato, porém muito sério, o codificador recebeu o repórter com a cortesia que sempre o caracterizou. Tomando a iniciativa da conversa, diante da inusitada mudez do repórter ao deparar-se com figura de tamanha significância, o professor falou:

— Sei do seu interesse em falar sobre João Huss, pelas prováveis ligações entre mim e sua família, a mim também reveladas em 1857 através da mediunidade de Mademoiselle Ermance Dufaux. Embora isso seja de grande importância e me agrade o trato desse assunto, ele merece nosso respeito e prudência.

O repórter sabia do que Kardec falava. Estavam no Século XIX, numa Europa agitada por transformações em inúmeras áreas da humanidade, que objetivavam a reorganização da sociedade segundo princípios racionais. A crítica iluminista dirigia-se contra a tradição e a autoridade dos que se arrogavam a guiar o pensamento com o monopólio da religião sobre o sagrado.

Os nervos eclesiásticos estavam à flor da pele e qualquer menção aos desvarios do passado poderia acarretar o acirramento de ânimos contra Kardec. E isso, com certeza, traria graves prejuízos à doutrina nascente. Como sempre, Kardec, tinha o bom senso de evitar confusões. E a aceitação de uma provável encarnação sua como João Huss poderia trazer à tona os desmandos do clero de que ele fora vítima no início do século XV.

Como já planejara na tarde daquele dia, o repórter entendeu o recado e passou a tratar do assunto que realmente lhe interessava: a codificação do Espiritismo. Após essa séria introdução, Kardec se descontraiu em largo sorriso e se colocou à disposição do entrevistador para responder às perguntas e objeções que lhe fossem formuladas, atitude que o deixou mais à vontade.

   O jornalista logo se impressionou com a clareza do pensamento e a lógica irretorquível que emanava daquele grande homem. Mesmo dotado de boa cultura e formação, ele logo notou que teria muito o que aprender com o codificador Kardec e com o homem Rivail.

A ENTREVISTA

Repórter: — Senhor Allan Kardec. Estamos em 1860. O espírito da Doutrina Espírita que o senhor codificou já está pronto ou ainda precisa de alguma complementação?

Allan Kardec: — Com o lançamento da segunda edição de “O Livro dos Espíritos”, consideramos que os alicerces principais da grande obra dos espíritos foram fincados. A partir de 1861 teremos criteriosa expansão filosófica e a consolidação de aspectos experimentais e científicos.

Repórter: — E quanto à estrutura ética?

Allan Kardec: — Não é nossa preocupação neste momento. Ela virá a seu tempo, evitando-se ao máximo os atritos e controvérsias, buscando-se apenas os ensinamentos morais dos evangelhos.

Repórter: — Comenta-se nos bastidores do nosso jornalCourrier de Paris — que a Doutrina Espírita estará exposta às mais rudes confrontações. O que me diz disso?

Allan Kardec: — Cada ataque determinará o exacerbamento do nosso processo introspectivo e de nossa autoanálise, para que as posições da Doutrina permaneçam inexpugnáveis.

Repórter: — E quanto ao meio científico? O senhor tem algum receio de sua reação?

Allan Kardec: — Um sentimento de segurança e de crescente respeito pelos postulados da Doutrina Espírita começa a tomar conta dos meios científicos. Ela se antecipou aos tempos. Suas ideias e conceitos, tais como a reencarnação, a pluralidade dos mundos habitados e, poderíamos acrescentar, a existência do perispírito, começam a receber a estampa confirmatória de importantes cientistas que se detêm a examiná-la seriamente.

Repórter: — O senhor não tem receio de que os cientistas possam identificar algum conflito do Espiritismo com a ciência?

Nesse momento, a resposta que obteve provocou evidente espanto no repórter, dada a demonstração de coragem e firmeza de seu entrevistado.

Allan Kardec: — O Espiritismo está preparado para se modificar, nos pontos em que eventualmente estiver em erro ou em conflito com a ciência. Se em algum dia surgir alguma reformulação na codificação, isso poderá ocorrer em seus aspectos secundários, jamais em suas concepções estruturais básicas.

Repórter: — O Espiritismo responde a todas as indagações humanas?

Allan Kardec: — Nem todas as questões estão resolvidas nos seus pormenores e implicações. Caberá à humanidade — profetizou — desenvolver os germes das grandes ideias contidas em O Livro dos Espíritos, pois os espíritos não realizarão por nós o nosso trabalho.

Repórter: — O Espiritismo foi criado pelo senhor?

Allan Kardec: — O nome do primeiro livro da codificação exprime bem a sua procedência. A obra é dos espíritos e não minha. O surgimento do Espiritismo foi meticulosamente planejado e escrupulosamente executado. Estão claros os sinais de uma inteligente, consciente e preestabelecida coordenação de esforços entre encarnados e desencarnados incumbidos das tarefas iniciais e das que vão se seguir, no tempo e no lugar certos.

Repórter: — Quando descobriu a sua missão de codificador?

O professor sorriu e descreveu a surpresa que havia lhe causado a revelação de seu guia, o Espírito de Verdade:

Allan Kardec: — Numa noite de abril de 1856, na casa de Monsieur Roustan, por intermédio da médium Ruth Japhet, a cesta havia me apontado diretamente, causando-me certa emoção e dando-me conhecimento da seguinte mensagem:

— Quanto a ti, Rivail, a tua missão aí está: obreiro que reconstrói o que foi demolido. A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for necessário.

Repórter: — Passou por sua cabeça eventual malogro de sua missão?

Allan Kardec: — Perguntei aos espíritos que causas poderiam determinar o meu malogro. Talvez a insuficiência das minhas capacidades? Responderam que não, mas preveniram-me que a missão dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos e que a minha seria rude, porquanto se tratava de abalar e transformar o mundo inteiro.

Repórter: — E isso aconteceu realmente?

Allan Kardec: — Passados quatro anos depois que me foram dadas as recomendações a que me referi, posso atestar que elas se concretizaram exatamente em todos os pontos, com todas as vicissitudes que me foram preditas. Nunca me foi dado saber o que é o repouso. Mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência.

Repórter: — Chegou a desfalecer e a desanimar?

Allan Kardec: — Graças à proteção e assistência dos bons espíritos, que incessantemente me deram manifestas provas de solicitude, nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e prossegui sempre com o mesmo ardor no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a maldade de que era objeto.

Repórter: — Surpreende-me, Senhor Kardec, a sua resistência a todos os embates. A que atribui essa fortaleza?

Allan Kardec: — Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da humanidade e me colocava antecipadamente na região dos espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram.

Repórter: — Como transcorreu a transição do simples trabalhador Rivail para a propagação da verdade como missionário em chefe?

Kardec assumiu séria postura e recordou as palavras proferidas ao seu guia espiritual, na noite de 12 de junho de 1856, como se estivesse revivendo aquele momento:

Allan Kardec: — Não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidade de que não disponho.

A resposta do espírito não se fez esperar:

Não esqueças de que podes triunfar, como podes falir.

— Entendi — complementou Kardec — que se eu falhasse outro viria para me substituir, porquanto os desígnios de Deus não poderiam ficar à mercê da cabeça de um só homem.

E para surpresa do repórter, ali mesmo Kardec confessou que, a princípio, via uma distância considerável entre o adepto estudioso e o coordenador de uma doutrina. A partir do momento em que aceitou a incumbência, partiu para bem dela se desincumbir, com determinação e coragem.

Repórter: — E a partir de agora, o que virá pela frente? Continuará dependendo dos espíritos para dar continuidade à sua obra?

Allan Kardec: — A princípio, procurei respostas às minhas interrogações. Nesse tempo, descobri que está surgindo um mundo novo, que poderá ser abalado e transformado se o trabalho for executado corretamente.

Repórter: — Acabou o concerto a quatro mãos e abriu-se espaço para o solista?

Surpreso com a inteligência e a sagacidade do repórter que estava visivelmente fascinado com a obra do seu entrevistado e com o gigantesco painel que agora ele se propunha a compor, Kardec sorriu e disse:

Sua imagem é bastante próxima da realidade. Sem mesmo perceber, eu já estava elaborando uma nova doutrina. Agora não mais com o diálogo direto com os espíritos, mas a partir das minhas reflexões e conclusões.

Lamentando chegar ao final da entrevista, o repórter fez a última pergunta.

Repórter: — Existem os chamados espíritos ordenadores?

Kardec: — Espíritos ordenadores são os incumbidos pelo Plano Maior de disciplinar as ideias, descobrir suas conexões e consequências, colocando-as ordenadamente ao alcance da mente humana. Sempre tive consciência de sua existência e de sua importância e espero sempre continuar contando com esses sintetizadores do pensamento.

Sorrindo, o repórter apertou a mão de Allan Kardec, com a absoluta convicção de que seu entrevistado era um desses espíritos ordenadores.

 

Referências: Nas Fronteiras do Além, Hermínio Miranda; Obras Póstumas, Allan Kardec.

O CHEIRO DO MEDO

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Uma equipe de cientistas de Nova York coletou suor de 144 pessoas expostas à assustadora experiência de saltar de um avião, em queda livre. As mesmas pessoas forneceram o seu suor após correrem numa esteira, durante o mesmo tempo que durou o salto, à mesma hora do dia.

As amostras foram apresentadas a outro grupo de participantes. Ao inspirar o suor de uma pessoa estressada ou com medo, voluntários apresentaram a mesma ativação cerebral dos sensores emocionais compatíveis com as situações estressantes. Em outras palavras, não necessariamente pelo olfato, mas por uma reação do cérebro, os voluntários puderam distinguir o suor do medo do suor comum.

Isso sugeriu que o suor do medo pode criar, no cérebro de uma pessoa, um tipo de vigilância acentuada relacionada com o estresse vivenciado pelo agente que realmente passou pela experiência desagradável.

Obsessores podem detectar suas vítimas?

Embora de forma não literal e sim metafórica, podemos afirmar que espíritos obsessores podem ser atraídos pelo cheiro de suas vítimas. Afirma Allan Kardec, na parte final d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, que os espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo.

Dessa forma, pode acontecer de espíritos doentes serem atraídos pelas imperfeições de suas vítimas. Para se defenderem do jugo dos perseguidores, elas precisarão livrar-se de suas impurezas que servem de atrativo, assim como fazemos a higiene do corpo que nos livra dos maus odores que atraem moscas.

Sintonia é tudo. O cheiro detectado pelo espírito desencarnado nada mais é do que a exteriorização de seu pensamento, sintonizado por outro espírito. Onde colocamos o pensamento, aí está a nossa própria vida. Nossa alma vive onde se lhe situa o coração.

Espíritos inferiores exploram as nossas fraquezas quando temos medo, dúvida ou maus sentimentos. Isso significa quebra de padrão vibratório, que é aproveitada por entidades que querem estabelecer domínio sobre outras.

Temos que curar feridas para não atrair moscas, isto é, espíritos doentes, que farejam as chagas da nossa alma.

Vigiemos o pensamento e apliquemo-lo, incessantemente, no trabalho e no bem. Dessa forma não mais exalaremos aromas desagradáveis, capazes de serem sintonizados por almas infelizes.

Pensar e executar o bem é o caminho. Amor e sabedoria são as asas que precisam ser adquiridas e exercitadas, em nossas jornadas evolutivas.

EPOPEIA UNIVERSAL

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Grande assembleia

O encontro histórico aconteceu no dia 31 de dezembro de 1799, pouco antes, portanto, da entrada do novo século. Trabalhadores do progresso humano das mais variadas origens, heróis e paladinos da renovação terrestre de todos os matizes formaram um brilhante concerto de personalidades que se destacavam pela cultura e moral ilibadas.

Liderando grupo de almas do plano carnal, vinha Napoleão Bonaparte, que, recentemente — em 9 de novembro de 1799 — havia se tornado o primeiro cônsul da República Francesa. De repente, como se fosse mágica ponte, projetou-se uma estrada de luz da espiritualidade, cujos astros tomaram formas humanas aureoladas por claridade celestial.

Destacou-se o Espírito Verdade, que se dirigiu a Napoleão:

Dentro do novo século começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra. Novas concepções de liberdade surgirão para os homens. Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso, a governança política dos novos eventos.

 Aquelas graves palavras reiteravam os compromissos de paz e segurança, que criariam o ambiente ideal para o descortínio da nova era. O missionário seria Allan Kardec, que retornaria ao mundo no início do século nascente para descerrar novo ciclo de conhecimento para a Terra atormentada.

Infelizmente, o primeiro cônsul da República Francesa deixou se levar pela volúpia do poder e proclamou-se imperador em 18 de maio de 1804, ordenando ao Papa Pio VII que fosse coroá-lo em Paris. Por outro lado, Allan Kardec, na humildade de um mestre-escola, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.

Texto adaptado e condensado da página Kardec e Napoleão, do livro Cartas e Crônicas, de Irmão X

O Espiritismo é a revelação da razão. Surgiu em um dos momentos de maior descrença e materialismo da sociedade terrena, no olho do furacão das grandes transformações nos campos das artes, das grandes descobertas da ciência médica e das grandes conquistas tecnológicas da humanidade.

Em 1857 — apenas dois anos após o primeiro contato do professor Rivail com os mortos — surgiu a primeira edição de sua obra magna — O Livro dos Espíritos —, que inaugurou a nova era em que perguntas filosóficas puderam finalmente ser respondidas.

Ainda que cercado de companheiros espirituais, Rivail, agora se utilizando do pseudônimo Allan Kardec — cuja nova certidão de nascimento foi lavrada na Livraria Dentu, a 18 de abril de 1857 —, atirou-se ao trabalho em seu gabinete em trabalho solo — não mais o concerto a quatro mãos — até altas horas da noite. Passou a estudar e a transmitir aos homens os aspectos experimentais da Doutrina Espírita. Estabeleceram-se, assim, as bases científicas do Espiritismo, com o surgimento, em 1861, de O Livro dos Médiuns.

A Europa estava mergulhada na ideia do nada, no niilismo, que considerava crenças e valores tradicionais como infundados e a existência sem qualquer sentido ou utilidade. Nos últimos 150 anos a ciência oficial, em oposição à intolerância e ao autoritarismo dos religiosos da Idade Média e aos absurdos da Inquisição, assumiu articulada reação materialista, abandonou sua origem espiritualista e passou a trilhar uma estrada sem saída.

Foi esse o berço da Doutrina Espírita, nos meados do século XIX. Não por acaso, no limiar de suas publicações, Allan Kardec não falou em religião, sob pena de ver, da noite para o dia, seus esforços de codificação prematuramente soterrados pelo autoritarismo, fanatismo e materialismo da época.

Depois de esperar por sete anos, no mesmo mês de abril em que fora lançado O Livro dos Espíritos, Allan Kardec trouxe a lume a obra que iria dotar o Espiritismo de estrutura ética. Não precisou, contudo, de uma nova moral. Já existia a moral do Cristo, que, com a passagem dos séculos, ficara soterrada pelas paixões humanas.

Allan Kardec teve o cuidado de reduzir os atritos e controvérsias, buscando nos Evangelhos apenas os seus ensinamentos morais. O conteúdo moral do Evangelho é, pois, de caráter universal, faltando à humanidade tão somente a vivência dos postulados cristãos.

O Espiritismo veio reavivar a doutrina do Cristo, para que a humanidade desperte, enfim, do marasmo que o orgulho e a vaidade, esteados no egoísmo, mantêm a Terra sob o domínio dos maus.

Os espíritos esclarecem que essa grande transformação se verificará por meio da encarnação de espíritos melhores, que constituirão na Terra uma nova geração. Os que insistem em deter a marcha evolutiva programada pelos dirigentes maiores do nosso planeta serão daqui excluídos e irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo progresso de irmãos mais atrasados desses orbes.

Naturalmente, cada um de nós racionalizará seu atual comportamento, autoincluindo-se entre os escolhidos. Devemos nos perguntar: Já aprendemos a respeitar a vida e a trabalhar pelo bem comum? Como temos reagido diante de pessoas que não comungam nosso modo de pensar e nos contrariam? Somos hoje melhores do que ontem ou ainda insistimos em resolver nossas questões com aspereza e violência? Caso venhamos a desencarnar brevemente, podemos nos considerar habilitados a continuar orbitando em torno do planeta Terra, ou teremos que procurar outra morada cuja temperatura lembrará a fornalha ardente, citada metaforicamente por Jesus?

Por mais que dignifiquemos a obra de Rivail/Kardec, não chegaremos nem perto das agruras, dificuldades e bombardeios morais e filosóficos que sofreu para nos legar o Espiritismo. Com justeza, temos que reconhecer a epopeia de sua vida e de sua obra.

Não bastará, todavia, apenas o esforço do reconhecimento.

As grandes ideias dos espíritos ordenadores da humanidade, traduzidas por Allan Kardec em linguagem humana acessível, poderão se perder no limbo de nossa ignorância e indolência.

Mais do que nunca será preciso formular um plano de trabalho, aceitar a necessidade de reformulação de nossas tendências e entender que as mudanças preconizadas pelos espíritos deverão partir de nós mesmos.

 

REFERÊNCIAS: A Caminho da Luz, Emmanuel; O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Espíritos e A Gênese, Allan Kardec; Abaixo a depressão, Richard Simonetti; Cartas e Crônicas, Irmão X; Gabriel Delanne – O Apóstolo do Espiritismo, Heleuse Rousie; A evolução anímica. Introdução. Gabriel Delanne; Nas fronteiras do além, Hermínio Miranda.

A HORA E A VEZ DAS MULHERES

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

Não importa o resultado da cerimônia do Oscar do dia 25 de abril de 2021. Pela primeira vez, em 93 edições da premiação concedida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, mais de uma mulher foi indicada para concorrer na categoria de melhor direção. As representantes do gênero feminino — a chinesa Chloé Zhao (do filme Nomadland) e a britânica Emerald Fennell (do filme Bela Vingança) — se tornaram vencedoras, pois, ineditamente, elas foram escolhidas para concorrer a uma das estatuetas mais almejadas da disputa.

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James Miranda Stuart Barry nasceu nas últimas décadas dos anos de mil e setecentos. Além da família, James contou com o apoio de pessoas importantes para superar os obstáculos em direção ao estudo da medicina. Sua trajetória por muitos países foi marcada por melhores condições de vida da população, dos soldados e de dos presos. Aposentou-se em 1859, como general de brigada.

Por que estamos falando do Dr. Barry? O que ele tem a ver com o valor das mulheres? Por causa de uma singular descoberta ocorrida na manhã de 25 de julho de 1865, no seu leito de morte. Quando Sophia, a encarregada de preparar o seu corpo, levantou sua camisa de dormir para lavar o corpo do médico, descobriu o segredo que ele havia conseguido esconder por toda a vida: “Ele” era “Ela”, uma mulher que, pelas marcas em seu abdômen, havia tido um filho.

Essa verdade representou um dos maiores escândalos da era vitoriana do Reino Unido e foi abafada durante muitos anos. Dr. Barry, um dos mais respeitados cirurgiões do mundo de sua época, havia sido uma mulher e driblara as proibições que impediam mulheres de serem médicas.

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Antes mesmo da época de Jesus, o Judaísmo considerava a mulher mercadoria condenada ao cativeiro. Com Jesus, houve a inauguração de uma nova era para as esperanças femininas. O Espiritismo deu sequência a esse processo de libertação. Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec ressalta que a diferença entre os sexos se restringe aos gêneros da organização física, porquanto o espírito pode renascer com um sexo ou com outro, sendo lícita a igualdade de direitos entre o homem e a mulher, diferenciando-se apenas suas respectivas funções.

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As conquistas femininas foram precedidas de muita luta e determinação, em face do preconceito e da truculência masculina, no transcurso de séculos de opressão à mulher. Espíritos conscientes de suas responsabilidades reencarnatórias começam a superar as limitações e valorizarão as virtudes de cada vida, tenha ela sido em corpo feminino ou em corpo masculino, para melhor aproveitarem sua experiência evolutiva.

A MORTE NÃO É NADA

Sidney Fernandes 1948@uol.com.br

— Fulano deixou de viver!

Assim o escritor espírita Alexandre Caldini explicou, num programa de entrevistas, como, na Antiguidade as pessoas se referiam ao falecimento de alguém, para evitar a palavra morte.

— Como ter uma morte melhor? — perguntou o entrevistador.

— Tendo uma vida melhor, aproveitando o escasso tempo que temos na vida, agindo no bem, querendo o melhor e acarinhando as pessoas e cuidando do nosso próprio progresso, observando-se e conhecendo-se, em busca da melhora íntima.

— Como ser feliz?

— A vida que levamos agora influencia esta existência e, seguramente, nossa situação após a morte. Fiquei sabendo, há pouco tempo, que os torturadores do Brasil, em sua maioria, estão passando por situações muito difíceis. Por que será? Porque plantaram más sementes e agora estão colhendo os resultados. Recebemos na presente encarnação o que semeamos e, com toda certeza, também o receberemos na espiritualidade e nas existências futuras. Queremos felicidade, paz e tranquilidade? Façamos por merecer, plantemos isso desde já.

— Todos vamos morrer um dia! Isso é óbvio?

— Sabe que não é tão óbvio assim? As pessoas se esquecem, fazem de conta que nunca vão morrer. Não querem pensar na morte, dizendo que é uma coisa ruim.

— Morrer é ruim?

— Gostando ou não, todos morreremos um dia, como já morremos e renascemos uma série de vezes. Compreender isso como um fato da vida é mais do que meio do caminho andado. Discutir a morte é fundamental. Se a gente quer compreender a morte e quer morrer bem, deve aprender a lidar com a morte e com a dos demais. É bom discutir o assunto.

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Por que as pessoas têm medo da morte?

Eis aqui alguns dos motivos principais:

– Insuficiência de informações sobre a vida futura;

Para a maioria das pessoas, a vida depois da morte representa uma ideia vaga, uma probabilidade, e não uma certeza absoluta. Com isso, elas se apegam desesperadamente às coisas da matéria, negligenciando o estudo em torno do assunto. Achando que a destruição do corpo seja o fim de tudo, o homem apega-se à vida material, não tendo plena convicção da satisfação do seu secreto desejo de sobrevivência da alma.

– Descrença da felicidade além da vida;

Acreditando que é possível alcançar a felicidade somente com práticas externas, comprá-la a preço de dinheiro, sem maiores preocupações com a reforma de caráter e de hábitos, o homem coloca todas as suas fichas no gozo dos prazeres do mundo.

– Conservação de crenças herdadas de ancestrais;

Louvado como uma das maiores obras da literatura mundial, O Inferno foi o primeiro dos três livros que compuseram A Divina Comédia, de Dante Alighieri: um poema épico de 14.233 versos, que descreveu sua brutal descida ao mundo inferior, a jornada pelo purgatório e, por fim, a chegada ao paraíso. Das três partes da Comédia – Inferno, Purgatório e Paraíso –, O Inferno é de longe a mais lida e a mais memorável.

Antes da obra de Dante Alighieri, a ideia do mundo inferior nunca havia fascinado as massas de forma tão arrebatadora. Da noite para o dia, a obra de Dante cristalizou esse conceito abstrato em uma visão nítida, aterrorizante, visceral, palpável, inesquecível.

Como era de esperar, nessa época, início do século XIV, após a publicação do poema houve um aumento no número de fiéis da Igreja Católica, graças aos pecadores aterrorizados que buscavam evitar a versão atualizada do inferno imaginada por Dante. E essa concepção ainda perdura nos dias atuais.

– Cenário sombrio após a morte;

As perspectivas oferecidas pelas religiões tradicionais não são animadoras. De um lado, o terrível inferno de Dante Alighieri. Do outro, almas sofrendo em um purgatório, esperando sua libertação nas orações dos vivos, que não têm muita boa vontade para esse assunto, pois estão preocupados com a própria salvação. Acima dessas possibilidades, resta apenas um improvável céu, restrito aos eleitos.

– Barreira intransponível entre as almas, após a morte;

Segundo as crenças tradicionais, se, por exemplo, uma família se separar, após a morte, quem for para o céu não terá acesso a quem estiver no purgatório e, muito menos, ao ente querido que foi encaminhado para o inferno. Essa crença nada tem de sedutora e mata as esperanças dos homens, levando-os a acreditar que a morte, é realmente, a pior desgraça que lhes pode acontecer.

– Morte da esperança;

A morte é cercada de cerimônias lúgubres, que aterrorizam e matam as esperanças. Temos que dar um eterno adeus aos nossos amigos que partem, sem jamais poder revê-los. O lamento maior, no entanto, é o da perda dos gozos deste mundo, sem qualquer chance de encontrar, na espiritualidade, felicidades maiores.

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Muitos espíritas veem a morte com serenidade

A maioria dos espíritas encara a morte com esperança e de maneira serena. Por que esse comportamento é diferente do das demais pessoas?

– Informações sobre a vida futura;

A vida futura deixa de ser uma hipótese, mas torna-se uma realidade palpável. A situação das almas, após a morte, não é mais uma teoria, e sim a constatação advinda do estudo e da análise das informações e notícias trazidas por elas próprias. Esses conhecimentos não são fruto de imaginações férteis ou concepções engenhosas, mas revelações dos próprios habitantes desse mundo imaterial, que vêm nos descrever sua situação.

– Felicidade além da vida;

A certeza da vida futura dá outro objetivo à vida do homem. Não obstante lhe serem facultadas a criação e a riqueza, não considera os resultados materiais auferidos como a finalidade da sua existência, mas somente como meios com que poderá contribuir para o progresso da humanidade. O desprendimento e o desapego passam a ser os objetivos almejados.

– Revivescência dos princípios do Cristo;

O Espiritismo nos liberta das velhas crenças herdadas de nossos ancestrais. Ninguém mais está irremediavelmente perdido, pois isso não condiria com a generosidade do Deus Pai, revelado por Jesus.

Para Moisés, não haveria outra maneira de conduzir o povo hebreu senão com a adoção da imagem de um Deus punitivo, que se irava e castigava implacavelmente os que se desviassem das leis divinas.

Jesus trouxe a imagem de um Deus amoroso, que ele chamava de Pai, que perdoa e nos quer ver vivendo como irmãos. Sua mensagem pode ser sintetizada na anotação de Mateus: Tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também a eles.

Com o advento da Idade Média, a Igreja resgatou o conceito mosaico do pecado e a ideia de que os pecadores precisavam ser castigados, como forma de remir suas faltas. Além disso, foi fortalecida a ideia da ação do demônio na vida dos homens e de que, se não “pagássemos” pelas nossas faltas, estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno.  Essa concepção foi transmitida através das gerações e chegou até os nossos dias, em que continuamos temendo os castigos de Deus.

O Espiritismo, por meio de sua visão amadurecida, nos faz observar sob uma nova ótica a questão do pecado. Lança a luz do entendimento sobre o assunto e traz conforto e esperança aos homens, que doravante apagam a noção de pecadores e passam a assumir o papel de seres em evolução.

– Cenário real;

Não mais a crença no futuro baseada em princípios contraditórios à lógica e sim a perspectiva de uma vida proporcional aos esforços que cada um venha a desenvolver para seu progresso. André Luiz, em suas treze obras que compõem a coleção A Vida no Mundo Espiritual, deu especificidade e ilustração ao pentateuco básico de Allan Kardec, mostrando com clareza didática a visão possível do cenário da vida espiritual, dentro das nossas possibilidades ainda limitadas de conhecimento. O homem encarnado passa a ter plena consciência de que o seu futuro depende da direção que venha dar ao seu presente

– Queda da barreira intransponível entre entes queridos;

Com o Espiritismo, adquirimos a certeza de encontrarmos nossos amigos e entes queridos, depois da morte. Poderia ser de outra forma? Como um pai ou uma mãe poderia ser feliz, nos planos celestes, sem a possibilidade de conviver com seu filho, localizado em regiões sombrias? A lei da reencarnação, irmã gêmea da lei de causa e efeito, nos propicia o retorno à carne, ao lado de criaturas amadas, ainda que elas tenham se distanciado momentaneamente das leis divinas.

– Renascimento da esperança;

Aí está — arremata o assunto Allan Kardec em O Céu e o Inferno —, para os espíritas, a causa da calma com a qual encaram a morte, da serenidade dos seus últimos instantes na Terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura não é senão a continuidade da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança que esperam o nascer do Sol depois de uma noite de tempestade.

 

 

Fiquemos com este texto/oração:

A Morte Não é Nada

Henry Scott Holland

A morte não é nada.
Apenas passei ao outro lado.
Eu sou eu. Tu és tu.
O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.
Fala-me como sempre me falaste.
Não mudes o tom a um triste ou solene.
Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.
Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.
Que o meu nome se pronuncie em casa
como sempre se pronunciou.

Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.
A vida continua significando o que significou,
continua sendo o que era.

O cordão de união não se quebrou.
Por que eu estaria fora de teus pensamentos
apenas porque estou fora de tua vida terrena?

Não estou longe,
Somente estou do outro lado do caminho.
Já verás, tudo estará bem.
Redescobrirás o meu coração,
e nele redescobrirás a ternura mais pura.

Seca tuas lágrimas.

E, se me amas,
Não chores mais.

Fontes consultadas: Vídeos veiculados por Alexandre Caldini nas redes sociais; O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, e Inferno, de Dan Brown.

Nota: O texto A Morte Não é Nada é a versão, em português, de parte do sermão proferido pelo cônego Henry Scott Holland na missa de morte do Rei Eduardo VII, em 15/5/1910, também chamado de Oração de Santo Agostinho, pela semelhança com uma de suas cartas escritas no Século IV.