CONSCIÊNCIA CÁRMICA
Quando o espírito começa nova existência — ciente de que seus débitos são decorrentes de seus próprios erros, e de mais ninguém —, há possibilidade de ele escolher o gênero de provas por que há de passar, assumindo, dessa forma, a inteira responsabilidade de seus atos e respectivas consequências. A pergunta inevitável é esta:
— Não parece natural que ele escolha as provas menos dolorosas?
Respondem os mentores maiores que, quando se encontra nessa fase de consciência cármica, ele tem plena noção dos deveres a serem cumpridos perante credores, familiares, a justiça divina e perante si mesmo.
Ao aterrissar na arena terrestre, cessam os preparativos, os ensaios e as teorizações. Chega o momento da validação, através de testes de multivariadas espécies, dos propósitos assumidos.
SORRISOS E LÁGRIMAS
É preciso considerar que a gradativa aproximação da Sabedoria da Vida e da Grande Faculdade da Felicidade — expressões do escritor Joamar Zanolini Nazareth — acontecerá em situações que causam sorrisos e, também, nas que arrancam lágrimas, pois, para avaliar a essência do valor, é preciso conhecer os dois lados da moeda.
O crescimento do espírito acontece em circunstâncias que desafiam a inteligência, a capacidade de reação e as estruturas moral, emocional e psicológica. É aqui, no palco terrestre, que surgem os enfrentamentos da vida doméstica, da crise financeira, da incompreensão familiar, do abandono, da morte, da doença e de eventuais inimizades do passado.
É ASSIM QUE AS COISAS, GERALMENTE, OCORREM?
Infelizmente, imersos no temporário esquecimento, ainda que sob a influência de dons inatos, herdados de experiências reencarnatórias pregressas, ao sermos atingidos pelas provas da vida, não nos mantemos fiéis aos ideais e projetos assumidos na erraticidade.
Por que ressurgem a intolerância e a vaidade pessoal que nos impedem de suportar os achaques das criaturas com quem convivemos? Por que perdemos a consciência de que as doenças e outros entraves da vida às vezes são indispensáveis à continuidade do processo evolutivo? Por que o contraste e a dicotomia entre o que prometemos e os efetivos comportamentos?
O DEMÔNIO DA PERVERSIDADE
Edgar Allan Poe, reconhecido escritor americano, chama esse esquecimento de Demônio da Perversidade. A médica psiquiatra, escritora e palestrante Ana Beatriz Barbosa defende a tese de que herdamos, não necessariamente dos pais, porém de nós mesmos, de nosso passado ancestral, estados de medo, ansiedade e estresse.
Durante séculos os circuitos do medo, do estresse e da ansiedade nos acompanharam na morte e mesmo depois de encarnarmos em novos corpos. Traumatizados, na vida atual temos medo, sem saber exatamente do que.
Por que, a despeito dos compromissos assumidos imediatamente antes da atual vida, continuamos a nos comportar com egoísmo, violência, orgulho, impaciência, enfim, com desamor, se o propósito essencial da vida pressupõe exatamente o contrário?
CIRCUITOS POSITIVOS
A par dos circuitos negativos do cérebro — oriundos e conectados às raízes da alma —, existem circuitos positivos que podem desativá-los e que são, geralmente, pouco utilizados para anular os mecanismos indesejáveis.
É como se, ao nascer, nada obstante portarmos dois recipientes, um contendo bons propósitos e outro contendo más tendências, recorrêssemos e utilizássemos apenas o reservatório que nos mantém na inferioridade, na doença e no comprometimento.
Os circuitos que vão permitir que cumpramos o verdadeiro sentido da vida, de sermos melhores para nós e para os outros, são pouco utilizados.
POR QUE ADOECEMOS?
Desequilibramo-nos, no transcurso da atual existência, porque insistimos em não acionar os mecanismos de defesa contidos no reservatório de bondade, que todos portamos, mesmo inconscientemente, autênticos antídotos da parte negativa de nossa personalidade.
Empatia, gentileza, compaixão, são circuitos pouco acionados, que podem anular os mecanismos que nos incomodam.
Somente viveremos melhor e tornaremos o mundo melhor, com menos ansiedade e mais equilíbrio, quando descobrirmos que o bem que fizermos retornará para nós mesmos.
Enquanto qualquer um no mundo estiver mal, nós também estaremos. Estamos todos conectados e, ao ferir uma pessoa, também nos ferimos. Ao fazer mal para uma pessoa, tenha certeza de que estará fazendo mal para você também, afirma a Dra. Ana Beatriz.
A base do adoecimento está em nosso interior e desaparecerá com o nosso conhecimento e a nossa atitude. Se não tomarmos consciência dessa realidade, continuaremos a evoluir para o adoecimento.
ESPIRITUALIDADE RECOMENDADA NOS CONSULTÓRIOS MÉDICOS
Perdão, altruísmo, compreensão, gratidão, ressentimento, mágoa, previnem ou agravam o adoecimento. Essas recomendações passarão, a partir de agora, a ser ministradas por cardiologistas, por recomendação da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com base nas conclusões do Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em Fortaleza – Ceará.
Impulsionados por conceitos de civilizações milenares e filosofias contemporâneas, inclusive o Espiritismo, pesquisadores começaram a estabelecer relações de correspondência entre a conduta humana e a felicidade.
Afirmava Simonetti que a medicina do futuro será essencialmente profilática, com a identificação prévia das causas no comportamento do paciente: o que faz, o que pensa, o que sente, o que come, como se exercita, como dorme, como trabalha, como é o seu relacionamento com as pessoas e os sentimentos que cultiva.
— Inúmeros estudos vêm demonstrando que indivíduos com maior religiosidade ou espiritualidade apresentam menor incidência de muitas doenças. Além disso, esse grupo consome menos álcool e tabaco e tem menos sintomas depressivos.
— Compaixão e cuidado devem caminhar juntos — afirma o professor-adjunto de cardiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Doutor Roberto Esporcatte.
O AMOR VENCE A DOR
Diz o poeta inglês Robert Browning:
Caminhei dez quilômetros com o prazer.
Ele tagarelou o tempo todo,
Falou muito, sem nada me ensinar.
Caminhei um quilômetro com a dor,
Ela não falou nada, não pronunciou uma palavra,
Mas quantas coisas aprendi
Quando a dor foi minha companheira!